quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Indiferença

Caro amigo,

Devo dizer-lhe outra vez que acreditei. Acreditei em você, meu amigo.
Estranho é o seu poder de persuasão e minha inocente e estúpida maneira de acreditar em tudo que você diz.
Suas crenças, seus discos, seu humor negro, seu sorriso jocoso, suas piadas sujas - lixo não reciclável.
Tua indecência não serve mais. Tão decadente e tanto faz.
Quais são as regras? O que ficou? O seu cinismo, essa sedução.

O que é teu não me serve mais.

Fim da linha.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Beleza Americana

Diálogo entre Jane e Ricky:
- Você já conheceu alguém que morreu?
- Não... e você?
- Não... Mas uma vez eu vi uma mendiga que morreu congelada. Ela tava deitada lá na calçada. Ela parecia muito triste. Eu tenho aquela mendiga gravada em vídeo.
- Por que filmou isso?
- Porque é assombroso.
- O que tem de assombroso?
- Quando se vê uma coisa dessas é como se Deus olhasse pra você, por um segundo. E se estiver atento, cê pode olhar de volta!
- E o que você vê?
- Beleza.

(...)

Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Insônia

Escrevo mas devia estar dormindo. Sofro de insônia.
No mundo, literalmente, poucos sofrem de insônia. Muitos dormem e poucos permanecem acordados. Alguns preferem dormir por cansaço, há outros que fingem ter sono. Renato Russo disse, uma vez: - “Estou acordado e todos dormem, todos dormem.”
Meu amigo me disse uma vez que é triste ter que dormir. Segundo ele, perde-se tempo. As pessoas dormem tanto que no dia em que acordam já estão velhas, fatigadas e irreconhecíveis devido ao tempo que se perdeu. Mas o que fazer quanto o corpo pede descanso?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

sábado, 15 de dezembro de 2007

Sobre um abraço uruguaio

A função da arte - Eduardo Galeano

"Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: Me ajuda a olhar! "

(Em O livro dos Abraços)

Porque eu nunca mais poderia viver como antes depois de ser abraçada por esse livro.

Tentativas e filosofias baratas

Pensei naquela filosofia barata de que o importante é tentar. Do que adianta tentar se nada foi alcançado?
Eu sei, você irá me dizer aquela frase pronta de que “É melhor se arrepender das coisas que fez do que das que não fez”.
Certo, eu concordo inteiramente com isso. Sinto-me orgulhosa de muitas vezes eu não me acovardar com os desafios que tive que enfrentar. Desafio que eu digo, não é aqueles do tipo escalar o Monte Everest. Desafio das coisas simples da vida, como enfrentar a tal da Fuvest ou estudar aquela matéria que parece impossível entender. Isso por si só já é um desafio. Mas não sei...
De tanto tentar, chega uma hora que você desanima. Tentei várias vezes em várias situações. E quando dá errado, eu não penso: - O importante é que você tentou, Larissa! Um sentimento traiçoeiro vem logo me dizendo: - Sua merda, você fez tudo errado de novo! E aí, eu fico angustiada.
Mas talvez o segredo seja não se deixar levar pelos pensamentos losers traiçoeiros.
Acho que a graça da vida é tentar.
Tentar mesmo que você não consiga ser um vencedor.