quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Alma Fria.

O sexo não era tão bom assim.
Tinham acabado de fazer, estavam suados, estupidamente cansados... para quê? Para nada, o sexo agora era uma bosta.

Deitara naquela cama de solteiro suja, a mesma que ele levava todas suas adoráveis pilantrinhas.
E agora, ela também estava ali, deitada e pelada com ele, sentindo-se suja e amargurada naquele quarto quente com aquela alma fria abraçada ao seu lado.

O sexo era uma bosta realmente, mas ainda sim, ela lhe pediu mais. 'Não é possível', pensou. 'Eu ainda o desejo, ele também me deseja, vou tentar mais uma vez'. E se jogou nos braços dele, acariciou-lhe a nuca, segurou a sua mão com força, fingindo ternura para aquela alma fria.
Mas nada. Apelou para as sacanagens, disse-lhe algumas besteirinhas com um 'eu te amo' no final.

Ele resmungou. Fez cara feia, disse que estava cansado, queria dormir.
DORMIR? Aquilo feriu o ego dela furiosamente. Enquanto ela tentava trazer o antigo prazer do gozo, o filho da puta queria dormir com as ovelhinhas.

Rejeitada e insatisfeita, abraçou a alma fria com vontade. Queria agarrar-lhe pra nunca mais soltar. Agora sentia uma vontade de tê-lo, de possuí-lo. Olhou para o lado, a alma fria já estava dormindo. Filho da...

Ele é Inocente.

Parei. Ele havia me ignorado?

Passei tanto tempo sentindo pena dele, daquela situação toda, 'ó, pobre garoto! ele precisa de ajuda!'.
Mas lá estava ele, ignorando a minha existência. Disse que me amava, eis o motivo do afastamento, não estava bem, precisava de minha ausência no momento. Contou-me aquela ladainha como se fosse algo natural, com seu olhar contraditório de superioridade e gratidão, como se tivesse pena de dizer aquelas palavras.
'Eu gosto muito de você, sinto muito por não parecer isso.'
Engraçado! Já escutei essa frase umas zilhões de vezes! 'Gosto de você, mas não sei demonstrar, então cometo as piores ações por eu ser assim inocente, não sei o que é o amor'.
Como assim, porra? Gosta tanto que ignora? Gosta tanto que se afasta? Porque toda essa hipocrisia, caralho? Será que existe alguma placa na minha cara escrito: Eu sou otária?

Meu caro, enquanto você chegou, eu já fui e voltei.
Sua putaria não me fascina mais.

É.

Estava incrédulo.
Há muito tempo perdera a fé em estupidez e porcarias.
Haviam lhe dito mentiras e acreditou! Queriam que fossem verdades, porra! Mas eram MENTIRAS. Estava inquieto. Gostava do que não existia. Na verdade, tudo que achara real era apenas uma projeção de sua mente. Esses amores não existem de fato. Tudo era um projeto da sua carente mente que o enganara tantas vezes e mais uma vez.

Agora sabia: havia enganado a si mesmo.
Era ele mesmo o seu maior e único inimigo.

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A aprendizagem da Vida

Acabou.
Toda essas idéias de esperança, recomeço, amores...
- Pro inferno toda essa hipocrisia!

Vida diz:
- Porra, você tem que aprender! Depois de tanta porrada, mentiras, traições e ilusões que te fiz passar... você tem que abrir os olhos pra REALIDADE, amigo, REALIDADE. Tudo que você aprendeu nos livros, nos filmes, nos desenhos são fantasias. Fantasias não existem. O que existem são pessoas, mentiras e vontades passageiras. Na realidade, não há sentimentos. Você já reparou que sentimentos nós não podemos tocar, nem ver... Logo, eles não existem. Você deixou que esse ser inexistente se aprofundasse em seu ser toda vez que você achava que aquele era "o momento". Mas a realidade está aí, estampada na tua cara, meu amigo. O que você tem é o que você vê. Não existe o sentir. Por favor, não sinta mais. Porque o sentir não existe. O sentir coloca uma venda em seus olhos e almadiçoa sua realidade. Viva sua realidade: você vive só. Só existe você e você mesmo.

And life has a funny way of helping you out when you think everything's gone wrong and everything blows up in your face.

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sábado, 4 de abril de 2009

Sempre.

Existem vozes que gritam, ecoam e fazem morada em mim.
Não consigo ignorá-las. Não consigo mantê-las em silêncio.

Você se foi. Você cansou. E agora eu busco o que nem sei.
Busco ser o que na verdade, não sou.

Finjo ser forte devido aos princípios do orgulho.
Mas sou fraca. Sou uma formiguinha.
Um vazio dentro de mim me paralisou.

Busco me concentrar. Busco ler, busco cantar, busco rir, busco não pensar.
Uma eterna busca em vão.

Você foi, mas ficou em mim.

Me diz agora que tá tudo certo, que você vai me abraçar amanhã de manhã.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Vida.

Era uma fina flor que eu carregava na minha mão e me vendo bem entre si mesma e com o mundo, me senti selvagem e livre. Um leão feroz que ninguém poderia segurar, tão forte e dependente por ser aquilo que quase sempre quis ser.
A vontade de viver crescia ferozmente. Meus desejos percorriam a ponta dos dedos, esparramando as cores da alegria através de risadas gordas entre amigos bobões e piadas bobinhas.

Os discos e livros me faziam delirar em devaneios coloridos de amores possíveis.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Trabalho

O telefone toca, toca, toca. Não para de tocar.
A vida inteira que podia ser e não foi.
Tempo. Sempre o bendito.
Destino.

Trabalho. O telefone toca, toca. Saco.

Você quer ter uma vida lá fora, quer ver gente, quer respirar, quer tudo na vida...
Mas lá está você com o telefone que toca, toca, toca.

A vida inteira que poderia ser e não foi.

Só um livro me/lhe consola.
Um livro.